Eu simplesmente não consigo acreditar que mereço ser feliz, que mereço estar bem, que mereço paz. Pois, por mais que queira acreditar nisso, e lute para que tudo isso seja mais do que apenas palavras, nada acontece e a crença de que é porque eu não mereço toma conta de mim.
Coisas simples como uma noite (que deveria ser) de sono, e que não dão certo, transformam qualquer sentimento de tranquilidade e bem-estar, em agonia, dor e desespero.
Eu estava tão bem que sentia medo, não sabia bem de quê. Agora que tudo que parecia bem desmoronou, sei o que temia. A devastação é comparável às causadas por grandes desastres naturais. E nesse tsunami de emoções conflitantes, volto a chorar descontroladamente, a não dormir adequadamente, a ter pensamentos inapropriados para uma mulher com, teoricamente, a vida toda pela frente.
Meu desejo de que a vida tivesse um botão de reiniciar tomou conta novamente. Não consigo fazer as mudanças necessárias para fazer da minha vida, a vida que eu gostaria de viver.
Presa a uma situação social da qual não consigo me desvencilhar sigo infeliz, imperfeita, e sentindo que, talvez, isso se deva ao simples fato de que não mereço coisa melhor. Eu me esforço, tento ser uma pessoa melhor a cada dia, tento ser honesta, gentil, amiga. Mas nada parece ser suficiente para que eu mereça uma vida menos estressante, menos infeliz.
Sou vítima de mim mesma e das escolhas ruins que fiz. Não culpo mais ninguém pelo meu fracasso, esse crédito é todo meu. Cada dia mais me desespero ao ver que nada que faço me liberta deste passado e destas escolhas. Condenada por tais erros, minha sentença tem sido a de viver sozinha. Na solidão a dois, na solidão das amizades de apenas uma via, ou em cada uma das relações fraternais ou amorosas desta vida sem significado. Onde a falta de significado é tão latente quanto a obviedade do vazio.
Só queria que tudo isso acabasse, que a dor desaparecesse, que eu deixasse de existir. Não faria falta ao mundo ou a ninguém, e tiraria o peso da minha presença carente e cheia de mágoa das pessoas que tem o azar de estar ao meu redor.
Patética, carente, amargurada, fraca, ranzinza, incapaz, fracassada, sem esperança, sem vontade de viver, sem vontade...