sábado, 5 de janeiro de 2013

EU PERDI?


Eu perdi tudo quando me perdi.
Perdi-me ao me encontrar, ao finalmente me ver.
Perdi-me na inocência do desejo. No desejo de ser feliz.

Eu perdi tudo quando me perdi.
Perdi-me na alegria de ser livre.
Perdi-me na busca do equilíbrio entre o bem e o mal.
Tive que aprender que devo fazer bem a todos.
Mal? Unicamente o auto flagelante.
Para todos, o equilíbrio é esse.
Mas e quanto a mim?
Quem há de me fazer o bem, já que nem eu mesma posso?

Eu perdi tudo quando me perdi.
Perdi verdades absolutas no afã de encontrar felicidade impoluta.
Perdi a dignidade na subserviência resoluta de me perder de mim.
E perder-me para não perder tudo.

Eu perdi tudo quando me perdi.
Mas perderia tudo novamente.
Só pela chance de sorrir feliz mais uma vez.
Pois eu fui feliz quando me perdi.
Ainda que tenha perdido tudo.
Não perdi a capacidade de querer ser feliz.

(Ericka Martin)

domingo, 3 de junho de 2012

A princesa desabrochou

Era uma vez...
Uma menina. Sozinha. Com medo de tudo.
Fizeram maldades com ela. Fizeram-na acreditar que ela era feia.
Fizeram-na acreditar que não merecia ser feliz.
E ela, menina, sozinha e medrosa, acreditou em tudo.
Acreditava em tudo menos nela mesma.
Quando mocinha, a menina sofreu mais.
E foi ficando cada vez mais triste, sozinha e medrosa.
Ela amou. Uma, duas, três, dez vezes. Mas não foi amada.
Pedia em oração alguém que a amasse, achando que isso bastava.
Demorou, mas a jovem acabou encontrando o amor.
E esse amor a fez feliz, por um tempo.
Até ela descobrir que amor é mais do que ela imaginava.
Amor é mais do que querer estar perto.
Amor é mais do que querer estar junto.
Amor é mais do que tocar o outro, abraçá-lo, beijar.
E ela ainda acreditava não ser bela, ainda acreditava que não merecia mais do que tinha.
Ela já não estava mais sozinha, mas era assim que se sentia.
Já mulher, a tristeza e a solidão foi fazendo-a perder o pouco viço que tinha,
as poucas esperanças que mantinha, e flor que não é regada, todos sabem, definha.
E ela que já não tinha coragem, já não tinha companhia, passou a duvidar se até o amor ela tinha.
Quis apagar a luz, pra acabar com a dor. A dor de não ser bela, não ser amada, de ser sozinha.
Mas ela tinha amigos, poucos é verdade, mas bons e eles sim a amavam.
Eles não queriam ver aquela flor definhar, e regaram, regaram, regaram.
A mulher só esperava que a rega parasse, que a água secasse, que o chão ressecasse,
e finalmente definhasse.
Ela descobriu que o tal amor, não era amor. Achou que não precisava ser feliz.
Ainda havia uma venda, cegando seu olho, fazendo-a ver apenas a escuridão.
E ela começou a recusar a rega, o cuidado, o carinho.
Fechou-se em si, isolou-se do mundo, não sorria, não queria, não amava mais nada.
Não via mais cores, não sentia mais cheiros, não sentia.
Quando parecia que nada mais fazia sentido, e ela pronta para desistir,
alguém retirou a venda e sussurou bem baixinho: - Você é livre!
Quando a venda saiu de seu rosto, ela viu que só havia um amor verdadeiro, só uma beleza interessava, só uma companhia era suficiente.
Ela viu que se amar era a chave para se sentir amada.
Que não havia nada mais belo que seu reflexo.
E que ela devia se alegrar por estar em sua própria companhia.
E ela se encheu de coragem, encarou a vida, e resolveu experimentar sua liberdade!
Liberta, bela e feliz, ela quis retribuir a seu salvador.
Queria lhe agradar, lhe agradecer, lhe amar.
Mas havia mais dragões no meio da caminho dessa princesa.
A diferença é que agora ela tinha coragem, estava armada com um sorriso e
protegida por um coração que voltara a bater forte, por aquele que a salvou.
Você pode pensar que assim termina a história,
mas na verdade foi assim que ela começou.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Isso não fará falta

A divisão entre o racional e o emocional é tão clara e perturbadora que a torna ainda mais agonizante. Ouço muitas coisas e tento me convencer de que são verdade. Meu lado racional concorda, meu lado emocional não apenas discorda como parece ser bem mais forte.
Eu simplesmente não consigo acreditar que mereço ser feliz, que mereço estar bem, que mereço paz. Pois, por mais que queira acreditar nisso, e lute para que tudo isso seja mais do que apenas palavras, nada acontece e a crença de que é porque eu não mereço toma conta de mim.
Coisas simples como uma noite (que deveria ser) de sono, e que não dão certo, transformam qualquer sentimento de tranquilidade e bem-estar, em agonia, dor e desespero.
Eu estava tão bem que sentia medo, não sabia bem de quê. Agora que tudo que parecia bem desmoronou, sei o que temia. A devastação é comparável às causadas por grandes desastres naturais. E nesse tsunami de emoções conflitantes, volto a chorar descontroladamente, a não dormir adequadamente, a ter pensamentos inapropriados para uma mulher com, teoricamente, a vida toda pela frente. 
Meu desejo de que a vida tivesse um botão de reiniciar tomou conta novamente. Não consigo fazer as mudanças necessárias para fazer da minha vida, a vida que eu gostaria de viver.
Presa a uma situação social da qual não consigo me desvencilhar sigo infeliz, imperfeita, e sentindo que, talvez, isso se deva ao simples fato de que não mereço coisa melhor. Eu me esforço, tento ser uma pessoa melhor a cada dia, tento ser honesta, gentil, amiga. Mas nada parece ser suficiente para que eu mereça uma vida menos estressante, menos infeliz.
Sou vítima de mim mesma e das escolhas ruins que fiz. Não culpo mais ninguém pelo meu fracasso, esse crédito é todo meu. Cada dia mais me desespero ao ver que nada que faço me liberta deste passado e destas escolhas. Condenada por tais erros, minha sentença tem sido a de viver sozinha. Na solidão a dois, na solidão das amizades de apenas uma via, ou em cada uma das relações fraternais ou amorosas desta vida sem significado. Onde a falta de significado é tão latente quanto a obviedade do vazio. 
Só queria que tudo isso acabasse, que a dor desaparecesse, que eu deixasse de existir. Não faria falta ao mundo ou a ninguém, e tiraria o peso da minha presença carente e cheia de mágoa das pessoas que tem o azar de estar ao meu redor.
Patética, carente, amargurada, fraca, ranzinza, incapaz, fracassada, sem esperança, sem vontade de viver, sem vontade...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quero o direito de ser eu

Hoje eu li um texto muito interessante que fala da cultura que faz a felicidade parecer obrigatória. Perdemos o direito de ficar tristes! Assim como perdemos o direito de termos o peso para o qual nosso corpo foi projetado, em contraposição aos corpos megérrimos e sarados da tv, do cinema e dos anúncios. Perdemos também o direito de ter o cabelo encaracolado, quando nos mesmos meios da mídia só quem tem cabelo liso se dá bem. Perdemos o direito ao silêncio, falado ou escrito. Hoje nos conectamos mais com pessoas que nunca vemos, ou que nunca vimos, do que com as pessoas que estão ao nosso lado!
Sendo assim, inicio uma campanha para obter novamente meus direitos:
1. Se eu estou triste, quero o direito de chorar e fazer o que for preciso para me recuperar sem ouvir que "eu tenho que ficar bem, logo" (olha a urgência!)
2. Eu sou gordinha sim. E sou linda assim! Se eu tenho ou não que perder peso, por causa da minha saúde, eu o farei no ritmo que meu corpo permitir e não com a urgência que as capas de revistas anunciam.
3. Meu cabelo é enrolado sim, e fica lindo deste jeito. Se eu faço uma escova, não é para fingir que ele é liso, é para poder ser diferente até a próxima lavagem , ou a próxima chuva...
4. Se eu estou em silêncio, ou há tempos não dou notícias, ou ainda quero ficar só com meus pensamentos, meus livros , meus filmes ou meus programas de TV (sim, eu tenho o direito de gostar de ver TV também), não quer dizer que eu não me importo com meus amigos e minha família. Quer dizer apenas que estou querendo este silêncio e estas companhias.
5. Eu adoro meus amigos virtuais. E sim, eu fiz verdadeiro amigos pela internet. Mas sinto imensa falta de estar junto, ao lado, rindo, conversando falando bobagem, contando piada... Ao Vivo e em cores!
Pra finalizar conquistar estes direitos será uma tarefa e tanto, mas aceito quem quiser fazer parte desta jornada. E nem precisa ser exatamente comigo. Comece sendo gentil, com todos que encontrar. Obrigada, por favor, com licença, e até me desculpe, quando necessário, faz tudo e todos à sua volta mais felizes e leves.
Seja como eu ou você formos, somos especiais justamente por sermos criaturas tão parecidas e tão diferentes.

Pense nisso. E se achar por bem, passe adiante.

sábado, 5 de novembro de 2011

Porque continuo precisando...

Tem dias
que a única coisa
que eu preciso
é de um abraço
e de um carinho

Tem noites
que a única coisa
que eu preciso
é de conforto
e de carinho

Mas sempre
que a única coisa
que eu preciso
é  a que me falta
eu vejo que precisar
não significa nada

E se nada significa
poque  continuo precisando...

sábado, 29 de outubro de 2011

Feliz aniversário

Ela não era atriz, celebridade, atleta, artista... era professora de formação e artesã de coração.
Além de ensinar muita gente durante a vida, ela me ensinou a ser quem eu sou hoje, e a saber que sempre é possível melhorar.
Ela não era rica nem famosa... era mulher de verdade, que falava a verdade e vivia de verdade.
Ela não vai estar eternizada em nenhum livro de História, nem num livro de recordes... Mas é a mulher mais incrível que eu já conheci, e vai estar eternamente na memória dos que tiveram a sorte de conhecê-la.
Há 61 anos nascia esta mulher guereira, bem-humorada, inteligente, gentil... sensacional!
E há 6 anos ela faz uma falta danada...
Um viva para minha mãe Elza Maria Martins que está em algum ponto maravilhoso do céu com vista privilegiada pra Deus, e olhando por mim.


terça-feira, 21 de junho de 2011

Requiescat in pace

Casamento
Segundo o Aurélio: Ato solene de união entre duas pessoas de sexos diferentes, capazes e habilitadas, com legitimação religiosa e/ou civil.
União estável
Segundo a Wikipédia é o instituto jurídico que estabelece legalmente a convivência entre duas pessoas sem que para tanto seja necessária a celebração do casamento civil.
Segundo o dito popular: Juntado com fé, casado é.

Casamento ou união estável, nomenclaturas civis e religiosas, que tem significados semelhantes no que diz respeito ao que representam: a união de duas pessoas para a vida. Seja qual for a definição, é há muitas abordando diferentes aspectos, em suma o casamento é o compromisso que duas pessoas fazem para enfrentarem, juntos, a vida. Tanto é assim que no famoso juramento do casamento católico um promete ao outro honrar e respeitar, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, e outras representações dialéticas do que enfrentamos no dia-a-dia naquilo a que chamamos vida.

Esta união reflete as mesmas necessidades das uniões de nossos companheiros do reino animal. Acontece para que a espécie se perpetue. Um provém e o outro mantém. Nos humanos outros aspectos entram em jogo: amor, sexo, conveniências, etc. Mas no fundo somos como os demais animais: queremos ser protegidos, alimentados, instruídos para viver para depois recomeçar o ciclo. Não quero determinar o gênero a que estas tarefas estão designadas, porque pra mim o verdadeiro feminismo é o que se constrói no cotidiano, tratando e sendo tratada igualmente, seja homem ou mulher. Falarei então de papéis.

Se me lembro bem das minhas aulas de sociologia da faculdade, o ser humano é um ser social, o que pressupõe viver junto a outros na construção de uma experiência coletiva. Também é um ser que desenvolve papéis nessa sociedade. Todos nós desenvolvemos diferentes papéis na vida, somos diferentes em cada ambiente e situação, mesmo sendo uma só pessoa. Eu não dou só mulher, sou também filha, irmã, prima, tia, amiga, colega, profissional, aprendiz, além de esposa. E em cada um desses papéis tenho minhas falhas e meus acertos. Tenho o que aprender e o que ensinar. Tenho opinião, busco argumentos, mas também procuro compreender e escutar a opinião e os argumentos de todos com quem convivo. Sei de minhas falhas e tento cotidianamente minimizá-las. Sei de minhas qualidades e tento aprimorá-las também dia-a-dia. Todas as relações a que estamos expostos na vida baseiam-se em contratos firmados, juridicamente ou não, entre eu e estes sujeitos com os quais convivo.

No casamento há além de marido e esposa, somos também homem e mulher, pai e mãe, provedor e mantenedor. Por provedor entendo ser aquele que provém financeiramente à família, além de prover-lhe também de proteção e valores. Mantenedor, no meu entender, é aquele que mantém a família aquecida, alimentada, instruída e unida, é aquele que mantém no lar a unidade daqueles membros conciliando os diversos papéis. O provedor paga as contas e a comida. O mantenedor mantém a casa, os filhos e a dispensa em ordem. Estes papéis podem ser divididos entre o homem e a mulher, um pode ser o provedor e o outro o mantenedor, ou ambos podem ser as duas coisas.

Onde as coisas se complicam? Quando, apesar do tal contrato, falado, escrito, combinado, não é respeitado por uma das partes.
     “Honrar e respeitar” não é a mesma coisa que não ter casos extraconjugais. A lealdade e a fidelidade são conceitos que no casamento vão muito além do sexo ou do envolvimento emocional. Quando um agride verbalmente ou fisicamente o outro, está desonrando-o, desrespeitando-o. Quando não ouve o que o outro diz, ou não cumpre uma promessa ou compromisso, não há honra ou respeito pelo outro.
      “Na riqueza e na pobreza” não se refere apenas a dinheiro, mas também a valores intangíveis. Subentende que ambos estarão juntos na busca por uma vida mais confortável, em que os filhos gerados por essa união ou criados por meio dela terão melhores oportunidades.

Alguns podem achar que tenho um pensamento retrógrado, tradicional, quase preconceituoso, machista. Outros poderão dizer que soa hipócrita, em função da vida que levo. O importante é o motivo de porque disse tudo isso acerca do que eu entendo como casamento. Acredito ser essa uma instituição da nossa sociedade que está em franca decadência porque as pessoas não entendem estes conceitos. Na era do imediato, do individual, do descartável, estas uniões não levam em consideração estes valores. Apesar de crescer vendo casamentos falidos e separações que refletiam essa falência, passei a ter grande admiração por esta demonstração de preocupação com a perpetuação da espécie. Acredito que casamento é uma coisa séria, que deve ser pensada para durar toda a vida. Mas que não deve ser uma sentença perpétua de infelicidade. Parece contraditório, e talvez seja. Mas apesar de acreditar que deva ser um compromisso sério entre duas pessoas que querem compartilhar a experiência da vida, sei que em algum momento estes dois seres podem perceber que já viveram juntos o que deveriam e que a vida que deveriam compartilhar chegou ao fim, ainda que a vida individual de cada um ainda não esteja nem perto do derradeiro momento.

Dito isto, manifesto aqui minha tristeza de ver que o nosso “contrato”, a nossa “união”, “a vida que partilhamos” está próxima do fim. E para que fiquem claras as “cláusulas” deste contrato que foram quebradas, enumero o que fez você me perder:
- Falta de compromisso (comigo, com a casa, com a manutenção do nosso amor...);
- Falta de respeito (com o que eu digo, o que eu penso, o que eu peço, ao que eu preciso...);
- Falta de companheirismo (na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza...);
- Falta de apoio (pra crescermos juntos intelectualmente, financeiramente, como família...);

Eu poderia listar um a um os compromissos não respeitados, as promessas não cumpridas, os momentos de desrespeito ao que eu pedi, precisei, falei... Mas Se você não deu atenção nos últimos dez anos, não será agora que o fará.

Quando eu era mais nova pedia a Deus por alguém que me amasse e que eu faria tudo para esse amor triunfar. O impressionante é que não sinto que esteja quebrando esta promessa. Porque quem não me respeita, não tem compromisso comigo, não é meu companheiro e não me apóia, em resumo, não me ama. Continuo esperando o tal ser que me amará para que eu faça este amor triunfar.

Aqui jaz meu amor por você.

Que descanse em paz.