domingo, 3 de junho de 2012

A princesa desabrochou

Era uma vez...
Uma menina. Sozinha. Com medo de tudo.
Fizeram maldades com ela. Fizeram-na acreditar que ela era feia.
Fizeram-na acreditar que não merecia ser feliz.
E ela, menina, sozinha e medrosa, acreditou em tudo.
Acreditava em tudo menos nela mesma.
Quando mocinha, a menina sofreu mais.
E foi ficando cada vez mais triste, sozinha e medrosa.
Ela amou. Uma, duas, três, dez vezes. Mas não foi amada.
Pedia em oração alguém que a amasse, achando que isso bastava.
Demorou, mas a jovem acabou encontrando o amor.
E esse amor a fez feliz, por um tempo.
Até ela descobrir que amor é mais do que ela imaginava.
Amor é mais do que querer estar perto.
Amor é mais do que querer estar junto.
Amor é mais do que tocar o outro, abraçá-lo, beijar.
E ela ainda acreditava não ser bela, ainda acreditava que não merecia mais do que tinha.
Ela já não estava mais sozinha, mas era assim que se sentia.
Já mulher, a tristeza e a solidão foi fazendo-a perder o pouco viço que tinha,
as poucas esperanças que mantinha, e flor que não é regada, todos sabem, definha.
E ela que já não tinha coragem, já não tinha companhia, passou a duvidar se até o amor ela tinha.
Quis apagar a luz, pra acabar com a dor. A dor de não ser bela, não ser amada, de ser sozinha.
Mas ela tinha amigos, poucos é verdade, mas bons e eles sim a amavam.
Eles não queriam ver aquela flor definhar, e regaram, regaram, regaram.
A mulher só esperava que a rega parasse, que a água secasse, que o chão ressecasse,
e finalmente definhasse.
Ela descobriu que o tal amor, não era amor. Achou que não precisava ser feliz.
Ainda havia uma venda, cegando seu olho, fazendo-a ver apenas a escuridão.
E ela começou a recusar a rega, o cuidado, o carinho.
Fechou-se em si, isolou-se do mundo, não sorria, não queria, não amava mais nada.
Não via mais cores, não sentia mais cheiros, não sentia.
Quando parecia que nada mais fazia sentido, e ela pronta para desistir,
alguém retirou a venda e sussurou bem baixinho: - Você é livre!
Quando a venda saiu de seu rosto, ela viu que só havia um amor verdadeiro, só uma beleza interessava, só uma companhia era suficiente.
Ela viu que se amar era a chave para se sentir amada.
Que não havia nada mais belo que seu reflexo.
E que ela devia se alegrar por estar em sua própria companhia.
E ela se encheu de coragem, encarou a vida, e resolveu experimentar sua liberdade!
Liberta, bela e feliz, ela quis retribuir a seu salvador.
Queria lhe agradar, lhe agradecer, lhe amar.
Mas havia mais dragões no meio da caminho dessa princesa.
A diferença é que agora ela tinha coragem, estava armada com um sorriso e
protegida por um coração que voltara a bater forte, por aquele que a salvou.
Você pode pensar que assim termina a história,
mas na verdade foi assim que ela começou.

3 comentários:

Letícia Alves disse...

Por vezes é preciso arriscar, viver e não somente sonhar.
Viver é correr riscos, eu já vi ou ouvi isso de alguém.
A vida segue entre caminhos e descaminhos.
Assim somos partes de um universo em constante transformação.

Beijos!

Letícia Alves disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Ludmila disse...

Eu acho que eu estou na história.... na verdade eu vi toda ela, mas gosto mais do seu final, que como diz a frase, que eu desconheço a real autoria:
"Ninguem pode voltar atras e reencrever um novo começo, mas todos nós podemos recomeçar agora, e escrever um novo fim."